o meu caminho de volta pra mim mesma é feito com palavras.
eu tenho pensado muito nisso nas últimas semanas: na minha relação (antiga e recente) com a escrita. tenho analisado as nuances, reparado nos cadernos, pensado e lembrado de muitas coisas que aconteceram ano passado
– e como tudo isso se conecta. eu quero te contar sobre isso hoje :)
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em agosto eu fiquei doente.
até a presente data estou investigando a possibilidade de ter sido chikungunya. fiquei bem mal por duas semanas. os planos que eu tinha precisaram ser modificados e eu estava rebolando para voltar com os meus projetos. pouco tempo depois disso eu peguei uma gastroenterite cabulosa e feia que me derrubou por uma semana 🤷🏻
eu já disse que os meus planos foram frustrados? 😆
voltando à minha força, à minha mesa de trabalho, fiquei pensando qual tema, qual ângulo, poderia ser o mais fácil de trazer pra cá e dissecar com vocês. fiquei pensando sobre qual assunto eu mais gosto de escrever.
sobre o que está mais na veia, mais no centro da minha atenção – para que esse retorno à newsletter fosse o mais gostoso possível. a resposta foi muito fácil.
é a escrita ✍️
desde sempre, escrever sobre escrever era o ponto que eu puxava – era a ponta do novelo de lã que eu pegava – para tentar desatar a distância que eu sentia de mim mesma. quando eu sentia saudades de mim, eu escrevia.
eu e a escrita passamos por várias fases no nosso relacionamento.
na adolescência, eu escrevia muitas cartas – para amigas, para amores. eu escrevia diários cheios de sofrência – e cada poesia que putaquepariu. uma mais dramática e doída do que a outra: o tipo de coisa que só os adolescentes conseguem fazer bem.
avançando para a fase adulta, eu joguei todos os meus diários fora.
joguei todas as cartas fora.
por muitos anos, eu não aguentava testemunhar o peso de quem eu já tinha sido. mas durante todos esses anos, eu sempre voltava para a escrita. como diz a
: eu demorei a parar de começar de escrever.eu ia – mas eu sempre voltava.
até que, um dia, eu nunca mais fui embora.
escrever sempre foi o meu vício
do ano passado para cá, a minha relação com a escrita renasceu. eu finalmente parei de começar a escrever e apenas me mantive escrevendo. muitas coisas e pessoas e situações contribuíram para isso – inclusive, e principalmente, eu mesma.
hoje, eu & ela andamos juntas: dançamos coladinhas.
a escrita floriu em mim como aquelas plantas que quebram o concreto e nascem no meio da calçada. a escrita me possuiu e eu a ela – & o que era hábito de resgate se transformou no chão que eu piso. hoje, mais do que nunca, eu escrevo plural.
em muitos lugares diferentes, de múltiplas formas – com diversos rituais.
a escrita explodiu e tomou conta de toda a minha vida.
e foi muito por isso, como decorrência desse processo, que eu criei a coluna Poesias da Ana, aqui na newsletter do Eu Organizado. para derramar mais de mim por aqui.
aproveito o ensejo para compartilhar com vocês um pouco de como, aonde e com quais ferramentas eu estou escrevendo esse ano. espero que esse texto te inspire a retomar a forma de escrita que mais te acende por dentro ❤️🔥
ferramentas & práticas de escrita 🖋️
eu conheci o trabalho da Lilian Ferrari pela primeira vez em 2022. na época, nós fizemos alguns meses de sessões de arteterapia & escrita terapêutica. no início desse ano, algo me chamou de volta para o doce espaço das nossas sessões.
e eu retomei as práticas com a Lilian.
atualmente, eu faço uma sessão por mês. no início do ano fazia duas.
eu não consigo como mensurar o tanto e o quão profundamente a Lilian me ajudou a retomar o hábito, a sensibilidade e o espaço para a escrita. ela foi fundamental nesse processo. ainda bem que eu tenho sorte 🤞🏻 de ter conhecido essa mulher incrível.
a Lilian fala a minha língua de uma forma ímpar e me guia muito bem.
cheia de sensibilidade e repertório muito interessantes.
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ano passado, na Bienal do Livro do Rio, o meu namorado me deu de presente esse Caderno de Memórias aqui. ele tem algumas linhas para você escrever a cada dia – e em cada página, tem 7 blocos de linhas em branco. a ideia é você escrever um pouquinho todo dia durante 7 anos e ir, com isso, lembrando da sua vida passada.
no dia 3 de setembro eu comecei a escrever as entradas de 2024 logo abaixo das de 2023. que viagem doida e boa é ver essas brechas, esses flashes, da Ana do passado.
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na primavera de 2023, eu comecei a escrever em um caderno tudo aquilo de poético, místico e pessoal que eu sentia que eu precisava registrar.
eu copiei uma ideia do Austin Kleon que eu admiro há anos e selecionei um espírito guardião para proteger o meu caderno. imprimi uma foto desse guardião e colei em uma das primeiras folhas do caderno. ao lado da foto, escrevi uma frase (ou duas).

uma frase (ou duas) que encapsulava e resumia o princípio máximo de vida, de foco, que eu queria viver enquanto eu escrevia naquele caderno. desde de setembro do ano passado, já terminei dois cadernos. recentemente comecei o terceiro.
o teor desses cadernos mudou, com o tempo.
neles eu escrevo as minhas escritas intuitivas – quando você apenas pega o papel e a caneta e escreve as frases que estão se formando na sua mente, sabe? – e escrevo também as minhas poesias, os meus sonhos e as minhas viagens internas.
ano passado escrevi muito sobre A Carta do Dia, da Rita Araújo, e sobre várias aulas dela que eu estava vendo. hoje em dia, eu escrevo as notas de cursos e aulas que eu vejo em outro lugar. escrevo aqui, também, o meu cenário de vida pro próximo ano.
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recentemente eu resgatei e me conectei com o hábito de escrever no Day One – um aplicativo de diário virtual que eu sempre achei muito lindo gostoso de usar.
vendo esse vídeo da Bliss Bean aqui, me senti tentada a voltar pra ele.
no Day One, eu guardo prints de poesia & sabedoria que eu encontro na internet e algumas informações úteis e práticas que eu preciso ter comigo sempre.
a adição mais importante de todas 🥹 é um diário chamado Diário, onde eu guardo fotos do dia que passou e anoto os pensamentos ou acontecimentos que rolaram naquele dia. esse é o meu diário-diário: a última fronteira que faltava eu retomar.
aqui é a vida da Ana sendo vivida mesmo – escrita do meu jeitinho, mas mais informal, mais concreta e num tom de quem registra aquilo que acontece.
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com os vídeos da Morgan, eu conheci o Scrintal: um aplicativo maravilhoso que está sendo a casa do meu recém-criado Zettelkasten. eu recomendo muito os vídeos dela!
no Scrintal – nome feio, ferramenta incrível 😆 – eu estou escrevendo os meus textos autorais, guardando citações que eu acho interessante, tomando notas das aulas, cursos e vídeos que eu vejo na internet e desenvolvendo as conexões entre elas.
ontem à noite eu fiz um tour de como estou usando ele para as meninas da Mentoria!
se você quer conhecer e testar o Scrintal, pode usar o meu link clicando aqui :)
eu estou AMANDO a forma como o Scrintal – e as suas notas estilo post-its – estão facilitando as retiradas dos pensamentos da minha cabeça. ver os meus conceitos, ideias e temas de interesse ganharem vida é a coisa mais linda do mundo 🥹
qual é a sua relação com a escrita? tu gosta de escrever? quais são as dificuldades e os desejos que esse tópico te suscita? 👀 vamos conversar nos comentários aqui embaixo 🫶🏻 quero saber.
muito especial essa newsletter, ana! depois do livro “o caminho do artista” da julia cameron, nunca mais parei de escrever pra me fazer sentido também, mesmo que só um pouquinho por dia ❤️
Nossa Ana eu me identifiquei muito com isso que você falou que quando tem saudades de você mesma, você escreve.
Durante muito tempo fui do bullet journal, e tenho eles guardados até hoje. ❤️ Do ano passado pra cá, tentei fazer um bujo virtual no notion, mas acabo sempre sentindo falta de escrever no papel, rabiscar, deixar a mão livre. Acabei que voltei pra um caderno, não tão estruturado quanto o bujo mas onde posso falar comigo mesma.
A escrita terapêutica, assim sem regras e métodos, sempre foi minha melhor amiga pra acalmar o caos aqui dentro. E pra me entender também. É minha conversa comigo mesma, é onde eu choro minhas pitangas para mim mesma - como vc fala em alguma aula hehehe peguei essa frase de inspiração e norte para a revisão semanal.
Escrever é minha maneira de mostrar presença pra mim mesma ❤️
E com toda essa inspiração que vc trouxe, vou agora fazer meu date comigo mesma de ir fazer uma revisão semanal. Gratidão por estar sempre presente na minha vida, Ana ❤️